VISITANDO AUSCHWITZ-BIRKENAU, NA POLÔNIA.






No inverno de 2013, conheci   Auschwitz, na Polônia. Localizado a cerca de 55 km da Cracóvia, o termo pode parecer estranho por lá, porque Auschwitz é em alemão. Em polonês é Oswiecim. Montado pelos nazistas, foi o maior campo de concentração e extermínio do mundo. É um lugar para ser visitado, estudado e nos faz reflexivos, sobre como seres humanos, criados a nossa semelhança, foram capazes de tamanha atrocidade. 
Auschwitz começou a funcionar em junho de 1940. Os nazistas administravam mais de trezentos campos de concentração na Europa, mas o preferido e maior era justamente este. O complexo Auschwitz consistia em Auschwitz I (campo principal e administrativo), Auschwitz II ou Birkenau (campo de extermínio), Auschwitz III ou Buna (campo de trabalhos forçados), além de outros 45 campos satélites. Por lá também havia uma área industrial, responsável pela produção do gás Zyklon B, usado para matar milhares de pessoas.
Em 1941, foi criado o campo de Birkenau ( Brzezinka em polonês), onde antes havia uma pequena vila.

Sentia-me ansioso em chegar ao famoso local. Era inverno, frio e as paisagens bucólicas do interior serviram pra relaxar. Ouvíamos atentamente as explicações entusiasmadas do guia, por sinal, bastante culto.
Ainda era cedo e fomos os primeiros a chegar. Estacionamos o carro onde antes era uma área pantanosa e observei os campos verdes com armazéns de madeira, postos de controle e cerca elétrica. O silêncio era absoluto. O vento frio parecia lembrar os relatos dos que se salvaram do holocausto.Nossa primeira parada foi em Auschwitz II, o campo de extermínio. Nos direcionamos para o portão do inferno. Lá, centenas ultrapassaram, sem volta.



A construção em tijolos vermelhos era bem simples e, ali, chegaram centenas de pessoas, principalmente judeus. O trem quando chegava, era direcionado para o lado direito, onde antes haviam câmeras de gás e crematórios, para um rápido extermínio. Foram destruídas antes da chegada dos soviéticos. Hoje restam apenas escombros. Ali foram exterminados mais de um milhão de judeus e ciganos, em uma porcentagem maior que Auschwitz I.




                              


A opção de construção destes campos também levava em consideração a localização, no centro da Europa.  A rede ferroviária também era fator pontual, incentivando o famigerado  projeto nazista.





A visita aos galpões, localizados no lado direito do portão, foi assustadora, pelo menos para mim. Nesta sede muitos morreram de fome e doenças. Os beliches de três andares se amontoavam uns dos lados dos outros e centenas de pessoas ficavam espremidas no local. O dia começava bem cedo, às quatro horas da manhã e havia a chamada nominal diária, a appel, para  verificação de possíveis fugas dos confinados. O espaço para as necessidades fisiológicas era de cimento. 






Na área por trás do campo de concentração, havia a  denominada "Canada", um local repleto de produtos subtraídos dos prisioneiros. Muletas, livros, roupas, entre outros,eram usados pelos nazistas. Muitos guardas enriqueceram com os produtos confiscados.
Após uma hora de visita, seguimos para Auschwitz I, o local mais famoso.
Auschwitz I era a aréa central e mais importante. Foi um espaço adaptado que antes servia de alojamento para a artilharia do exército. Eram dezesseis edifícios de um andar cada um. A visita era guiada em polonês, inglês, francês, alemão e espanhol, todos com hora marcada e em grupos de aproximadamente quinze pessoas. Segui com o grupo em espanhol. A entrada foi marcante. O tenebroso portão com a frase "Arbeit Macht Frei" que significa "O trabalho liberta", estava aberto,  todavia era impossível não parar um pouco e lembrar das fotos e filmes que já assistimos do holocausto. Uma lembrança bem pesada.



O grupo seguia entrando nos edifícios mais importantes. Alguns prisioneiros eram selecionados para vigiar os outros, os chamados Kapos. Possuíam privilégios com os superiores e eram responsáveis, muitas vezes pelas atrocidades cometidas no campo de concentração. As roupas eram separadas pela cor. Verdes para criminosos comuns, vermelha para presos políticos e amarela para os judeus, que normalmente eram os mais maltratados. Todos tinham números tatuados no antebraço. Trabalhavam durante toda semana e tinham o domingo para limpeza e banho.





O bloco 11 era um dos mais temidos, pois ali ficava reservado para os que tentavam fugir ou suspeitos de sabotagem. Alojavam-se em espaços minúsculos, muitas vezes amontoados e  com pouco oxigênio. Como se não bastasse,   os oficiais alemãos, acendiam uma vela para diminuir o suprimento de oxigênio...
O porão deste bloco possuía as "celas escuras", espaço  reservado para prisioneiros rebeldes;, que morriam de fome e sede.
Em setembro de 1941, nesses mesmos porões, foi realizada a primeira experiência com Zyklon-B, um pesticida altamente letal, a base de cianureto. Foram mortos seiscentos prisioneiros de guerra soviéticos e cento e sessenta poloneses. Começava então o extermínio com o uso de gás. As câmaras de gás funcionaram entre 1942  e 1945.
O bloco 10 era onde se realizaram as experiências com humanos. Dr Josef Mengele, "Anjo da Morte", foi responsável por mais de 1.500 experiências, principalmente em gêmeos e anões. As grávidas também não escapavam de suas atrocidades e depois ainda encaminhavam-nas para as câmaras de gás.








Muitas fotos, matérias de jornal, registros de prisioneiros, pertences e estátuas são mostradas na visita.









Na área externa, entre os blocos, existia o temido paredão de fuzilamento. Hoje um local de homenagens.







Em janeiro de 1945, os soviéticos libertaram os campos. A área foi declarada Patrimônio universal pela Unesco e hoje é um museu.

Quem leva: Reservamos nosso passeio com a Warsaw City Tours, em Varsóvia. Muito atenciosos, desde o início. Recomendo.

A visita é impactante e, igualmente, espetacular! Realmente imperdível.



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